LIBERDADE PARA VOAR

Para a alada Roberta Sudbrack

Liberdade para voar

É assim que você se sente quando aterrissa no Sud, o pássaro verde da Roberta Sudbrack, que colore e perfuma o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Voando leve entre a paisagem, o fogo e a lenha, as salas e os convidados no casarão familiar – sem pressa, sem anseios – vejo Roberta alcançar a felicidade de ser o que é: livre.

A paz invadiu o meu coração.

A guria que cozinhou no palácio, que desenhou a simplicidade nas degustações de luxo, que tornou o sanduíche um prato adorado, enfrentou a incompreensão dos malcomidos armada de pão e queijo tão somente e que escreveu à avó um livro de receitas de afeto, chegou antes, nesse voo, e, mais uma vez, é inspiração para todos nós da cozinha.

Sem pretender nada disso. Ela quer é cozinhar.

A mim, conterrânea, que por sorte compartilho o mesmo viveiro de chefs à Sud de Brésil, ela sempre encantou. Seja pela técnica que detém, seja pela brasilidade que traz em seu ID cosmopolita (e sem cacoetes), ou pela coragem e persistência e, agora, porque está lá na frente – ainda que carinhosamente perto, quando entramos na casa para o jantar.

É ela quem está no lugar aonde queremos chegar.

Roberta Sudbrack, Ricardo Freire e Carla Pernambuco

A trupe com amigos e minha filha encontrou fácil a casa sem placa e sem número no passeio de outono carioca que me dei de férias. Era o que eu precisava: uma mesa de gente querida, um momento luxurioso e feliz. No Sud, a liberdade marca também o jeito de comer, que permite que se compartilhe os pratos à mesa. Começa com bom pão, uma bela manteiga, a seleção de salames picantes e queijos que ela vai à caça no Brasil, os gougéres (uma de suas marcas, Roberta!) preparados com esses queijos – tudo quentinho, assado na hora. A temperatura é precisa: nem mais, nem menos – pratos quentes não esfriam, pratos frios não esquentam. Aquela couve-flor de instagram (de quem até esqueci) ao vivo é um show! Amei a berinjela com tucupi preto e missô. Laquear com tucupi preto e missô é uma ousadia que sobrevoa sorrindo os céus de nossas cabeleiras encantadas.

Os pratos são bonitos sem presunção. O crudo de peixe culminando em lâminas de melão é uma formosura. E o preparo, bem lastreado nas técnicas que Roberta domina (e cria), se desmancha em sabor, como a costela que se solta às colheradas. E a panqueca gordinha, quente e acolhedora na panela de ferro? Perfeita. Outra marca, Roberta!

Acolhidos na mesma mesa, repartindo pratos e a deleitosa experiência, pudemos provar um pouco de cada e ainda assim deixar sabores para uma próxima visita. Roberta é inspiração e referência. O seu Sud, ao Sul de nossas buscas por uma vida e uma mesa feliz, está onde ela quer: é liberdade pura, sem afetação, sem pavão e plumas, um pássaro voando sereno e livre nos verdes cariocas da cozinha do Brasil.

Roberta Sudbrack e Ricardo Freire

Sud, o pássaro verde

R. Visc. de Carandaí, 35 - Jardim Botânico, Rio de Janeiro - RJ

De terças a domingos, das 18h às 22h. Reserve. 55 (21) 3114-0164


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