LÁ VEM A TOPIC!
Eu, a manaquete:
Lá vem a Topic!
A frase virou um meme íntimo entre nossas famílias – Edinho, Wanda e as crianças; Nando, eu e os nossos. Férias na Bahia, réveillon, Praia do Forte, Trancoso ou Camburi, só a Topic pra carregar o bando!
Saudade talvez não defina as lembranças desse tempo em que a gente não sabia de nada, dourados e inocentes...
Mas vamos embarcar na Topic! É com ela que a gente inicia a jornada rumo ao Manacá do Edinho no sertão de Camburi (SP) – é para lá que quero ir. Tudo começa no point marcado, onde a Topic aparece para nos carregar para o restaurante. Naquele clima de infinito verão, rodeado pelo verde, os sons dos bichos, os pés de havaianas com areia, é subir no bólido, abrir os olhos e convidar os sentidos – e os passageiros – para a festa.
A Topic leva pouco tempo até parar, ainda que pareça que uma vida se passou de tanto que a gente viaja na paisagem. De volta ao chão, o trajeto a pé é uma passarela de ripas que nos conduz Mata Atlântica adentro. Entre os sons de pássaros, o tilintar de taças e o burburinho de gente que começa a surgir, a visão se materializa.
Edinho está lá, nas minhas lembranças, nos meus melhores sonhos e nos dias de sorte em que combinamos de nos encontrar. Há 34 anos sou manaquete, fã desse cozinheiro e seu mar de sabores dentro da floresta atlântica. É sobre as palafitas, no resplendor da mata, onde se instala o Manacá, que tudo acontece, a 200 metros do mar.
O Manacá do Edinho é um símbolo da cozinha brasileira. Pioneiro, esse mineiro criado em São Paulo decidiu ir para o Litoral nos anos 1980 e experimentar a vida caiçara. Depois ainda se estabeleceu na Bahia (mas isso é outra história). Viajado, cheio de bossa e bom gosto, caprichoso nos detalhes, criou no Manacá uma experiência inédita para os olhos, os ouvidos (suas playlists são primorosas) e o paladar de quem cruzasse a Rio-Santos. Edinho tem aquela percepção do todo: o ambiente que o cerca, a cozinha que pratica, as pessoas que forma. Virou trend desde então.
Eu quero chegar no menu e me perco na paisagem, nos talentos desse cozinheiro e amigo – os sentidos tomados pelas sensações. Peço caipiroska, o drinque que rima com essa balada tropical. Casquinha de siri, lulas grelhadas com balsâmico são clássicos. E mais: o spaghetti al mare, todos os peixes e frutos do mar – polvo, camarões, as muitas formas de comer lulas. A carta de vinhos é um marco na região e compõe com harmonia com todos os pratos.
Edinho tem uma identidade que é marcante em suas casas. Até quando não está, quando sai do Manacá e retoma sua vida baiana dentro do casarão histórico onde ergueu o Amado, indiscutível sucesso. É essa combinação de criador e criaturas que me faz salivar só de pensar que vou a Camburi – um programa gastro turístico romântico que deve incluir pernoite – ou voar até a Bahia para comer em frente ao mar e a seus olhos salgados dessa deliciosa sabedoria de bem-viver.
Em breve a manaquete aqui volta ao Litoral para brindar à chegada do Bar do Manacá. Saúde!
Les temps me surprend
Semble s'accélérer
Le chiffres de mon âge
M´amènent vers ce moi rêvé –
(Les passants, Zaz)