IZAKAYA

Margarida Haraguchi (do Izakaya Issa) e Carla Pernambuco

Vamos lá? O termo IZAKAYA surgiu séculos atrás, no período Edo (1603-1868), entre samurais e pessoas comuns. Mas voltou com força há mais de 70 anos, quando o Japão queria buscar alguma alegria depois de ser atacado na Segunda Guerra Mundial por duas bombas atômicas, com milhões de mortes. Uma tentativa de retomar alegria, ânimo, encontros e recuperar detalhes da cultura nipônica. O primeiro lance foi celebrar novos tempos com muitos goles de saquê. E, para segurar a onda, oferecer receitas tradicionais em porções pequenas. Ou seja: os IZAKAYA ressurgiram como bares ou botecos, no intuito de alegrar a população traumatizada. E sempre traziam lanternas vermelhas nas portas (ainda mantêm esta tradição). Eram quase versões dos pubs ingleses. Hoje, continuam como pontos populares em que pessoas se encontram para conversar, beber, dar risadas e comer --e se multiplicaram pelas ruas japonesas. Embora pequenos, atraem turmas animadas e falantes. Viva o sakê. O nome Izakaya deriva de“sentar” (comer algo em tatames ou em balcões) e “local de saquê”. 

A comida oferecida trouxe –e ainda traz-- recriações surpreendentes, inventivas e em porções individuais –a partir de tofu, sashimis, nimonos, yakitoris, karês, kushiyakis, yakissobas, diversos pratos de arroz e outros petiscos nipônicos clássicos. E os locais oferecem ambientes com tatame, balcões ou cadeiras de bar. No Japão existe um detalhe curioso: quem achar que bebeu demais e não pode dirigir, os izakayas japoneses oferecem traslado de carro com dois motoristas: um leva o carro e o outro conduz o ‘bebum’ em outro veículo. Tá bom assim?

Então vamos saber o quê acontece em yzakayas aqui no Brasil. São muitos. Pelo menos, em São Paulo! Indico dois locais surpreendentes e que mantêm o estilo nipônico tradicional –com pitadas modernas. Coisas que revelam como o mundo contemporâneo continua a se multiplicar, a se dividir e a oferecer conexões culturais –e trocas de delícias. 

 

Izakaya Issa

Adoro descobrir pequenos locais gastronômicos no bairro da Liberdade, em São Paulo. Exemplo: o Issa é para apenas 12 clientes. A chef nipônica realiza delícias gastronômicas quase ao lado dos clientes: o destaque fica por conta do takoyaki, bolinho de massa leve recheado por polvo e temperos inesquecíveis. Quem comanda tudo é uma reduzida/eficiente equipe de mulheres, que conduzem os clientes às delícias e petiscos. Importante pedir a seleção de pequenas entradas que variam a cada dia: desde berinjela frita com missô, conservas de vegetais, nimono (cozido de hortaliças broto de bambu, raízes de bardana e de lótus, barriga suína e tofu frito). 

Quito Quito

Outra descoberta: a chef Kaori Muranaka nasceu no arquipélago de Ogasawara (quase no meio do Oceano Pacífico, mas ligado ao Japão). Criativa em suas propostas da culinária nipônica, ela adora inventar/recriar receitas tradicionais, no menu que surge num quadro-negro no restaurante ou no seu Instagram (@kaorimambo). E inventa sinfonias de sabores que vão do karê (inesquecível) a sardinhas marinadas, salada de shungiku (verduras crespas, tofu frito, shoyu, alho, gergelim, pasta de pimenta, óleo de gergelim, vinagre e açúcar. Importante provar o karê, ensopado com arroz branco, várias ervas, picante, fumegante e de sabor impactante. Ah, para aliviar a ardência: saquê, sucos naturais, caipirinhas e água (of course). Para refrescar a goela, um drinque fácil de tomar: destilado shochu com suco natural de grapefruit e água com gás.


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