Artesãos do Sabor: Gelato, Chocolate e Azeite

Em Gramado, nas mãos de mestres, a gelateria artesanal, o chocolate de origem e o azeite extravirgem dão um show de qualidade e sabor.

Nathalie Biss, a gelatiere Nati, tem nome e talento de doceira

A Gelato da Nati, é assim que todos se referem aos gelados da Nathalie Biss quando vão à Nata Gelateria Autoral. A Nati tem uma ideia romântica de dar um freeze no que é gostoso na vida, congelando momentos e sabores. Ela fabrica bolos, pão de mel e um quindim de parar o tempo em Gramado — quaisquer que sejam os trocadilhos prováveis. Tudo isso ela transforma em gelato. Um brioche, uma cuca, o bolo de chocolate que é uma perdição (e tem a receita ao final), uvas, geleias de frutas, e lá vão também o quindim e o pão de mel virar gelados. Nathalie Biss é a autora dessas deliciosas loucuras produzidas em sua gelateria em Gramado. Nati é Nathalie, atriz e advogada que encontrou na doçaria sua expressão mais doce — avisei dos trocadilhos, certo? Nata é o creme do leite que dá vida às bruxarias que ela faz na lojinha verde inaugurada há pouco na cidade. Lá dentro, brilham os olhos de quem chega e o sorriso dessa mulher enquanto explica os sabores do dia. Eu provei um doce de abóbora achando que doce de abóbora não poderia ficar melhor... e ainda me peguei imaginando que comer o quindim mais delicioso que já experimentei seria o suficiente — e ele surpreende ainda mais na forma de gelato.

A Nata foi inaugurada este ano em Gramado, resultado da caminhada de Nathalie pelas artes até se encontrar na gastronomia, com foco na confeitaria. Na gelateria, as grandes parceiras da Nati são a Princesa, máquina vintage dos anos 70 que bate o gelato na cremosidade perfeita, e uma outra, de waffle, para fazer a casquinha do sorvete, finíssimo e crocante, enrolado na hora — caprichos dessa gelatierecompetente e dedicada. O perfume doce da casquinha invade o centro da cidade e atrai como mel às abelhas. Sem corantes, emulsificantes, químicos artificiais, Nati faz o gelato com os ingredientes da estação; seu cardápio é enxuto e fascinante. Alguns sabores são permanentes, entre eles o pão de mel. Assim como o quindim, na gelateria há o pão de mel para comer na hora (ou levar) e o gelato de pão de mel — o doce é misturado à massa cremosa do gelato compondo perfeitamente com todos as especiarias e sutilezas de sabores. Um escândalo!

O chocolate que banha esse pãozinho de mel é também produzido em Gramado, com cacau 42% da Bahia, confeccionado pela mente criativa e mãos talentosas do chef Ricardo Campos, quem está encantando o público com a inventividade de seus produtos na MirOh! Chocolate Makers. A marca trabalha com cacau brasileiro e cacau de origem importado de outros países, no sistema bean to bar— basicamente, o chocolate é feito a partir da amêndoa integral do fruto até formar a barra, sem segmentação dos processos nem aditivos. Ricardo é confeiteiro e chocolatier com formação na Espanha, prêmios conquistados no mundo e na capital brasileira do chocolate artesanal, Gramado, onde tem duas lojas-cafeterias. Uma delas é onde está instalada a produção, no Lago Negro, que pode ser visitada pelo público e onde acontece uma das experiências promovidas pelo chef: harmonização de chocolates e vinhos. Foi ali que me entreguei, cheia de desejo, e de onde voltei, com o gosto e aprendizados na ponta da língua.

O espumante Dois Mundos, que tem chocolate na composição, e a harmonização.

Ricardo desenvolveu um espumante com chocolate: não se trata de harmonização, mas de um vinho produzido com um de seus chocolates de origem. Por isso se chama Dois Mundos, belos nome e rótulo para a união desse moscatel da serra gaúcha com chocolate em sua composição. Além das experiências, as maravilhas que o chef cria passam pela pâtisserie e viennoiserie clássicas às barras separadas pelas procedências do cacau — Índia, Filipinas, Colômbia, Brasil — a um creme de avelãs considerado dos melhores do mercado. Tudo pode ser degustado nas mesas, com café especial elaborado para a marca. No site da MirOh!, as compras são entregues para todo o Brasil, para quem, como eu, provou in loco e depois vê que é impossível carregar tudo na mala. Basta pedir e receber em mãos (é o que faço com o chocolate com café, espetacular!). A 14km do centro de Gramado, uma das experiências pioneiras com azeite de oliva extravirgem brasileiro foi introduzida por André Bertolucci na Serra Gaúcha, ao erguer o Parque Olivas de Gramado.
A propriedade com 150 hectares dedica um quinto da área ao pomar de oliveiras e muitas atrações para promover a cultura do azeite de oliva extravirgem. Uma verdadeira atração turística, o parque oferece, na programação, passeios pelos olivais, colheita, pôr-do-sol festivo, degustações e outras propostas com a temática do azeite. O ponto alto é a degustação sensorial harmonizada, com grande variedade, inclusive de azeites artesanais aromatizados com especiarias e frutas, desenvolvidos  a partir de insumos locais com identidade regional. Vale passar na loja e conhecer tantas opções, entre azeites com o blend da marca, de terceiros e souvenirs com a temática.

Variedade de produtos com azeite de oliva no Olivas de Gramado


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