BLUE ZONES

Blue zones: onde a vida feliz e com saúde faz mais de 100 anos

Pode ser que não eu chegue até os 100, mas até onde eu for, a meta é viver bem, saudável e muito amada. Ora, ora, quem não quer?

O que é preciso para alcançar esse ideal formidável – será que eu consigo?

Segundo Dan Buettner, sim, é possível. Ele é explorador e fellow da National Geographic, autor e criador do projeto Blue Zones, nascido a partir da investigação de lugares no mundo onde há populações longevas e saudáveis, vivendo suas vidas além dos 100. De acordo com Buettner, isso não é uma dieta, um método ou um curso: é a consolidação das melhores estratégias que possibilitam transformar aquilo que chamamos de lifestyle – o estilo de vida, determinante do tempo de nossa hospedagem nestas paragens – em novas práticas que nos conduzam com saúde à longevidade e ao bem-estar. O livro Blue Zones: a solução para comer e viver como os povos mais saudáveis do planeta ensina tudo, inclusive receitas.

Logo no início, o autor apresenta as cinco blue zones identificadas no estudo: Ikaria (Grécia), ilha no Mar Egeu, na costa da Turquia, que tem a mais baixa taxa de demência e a mais baixa taxa de mortalidade na meia-idade; Okinawa (Japão), maior ilha do arquipélago, onde vivem as mulheres mais longevas do mundo; a Península de Nicoya, na Costa Rica, também com baixa mortalidade na meia-idade; Loma Linda, na Califórnia (EUA), onde os residentes dessa comunidade vivem 10 anos a mais que o americano médio; e a região de Ogliastra, na Sardenha (Itália), com a maior concentração de homens centenários. Em todas, hábitos e práticas semelhantes, reunidos no que ele denomina 9 powers, são determinantes – atitudes que podem ajudar as pessoas a atingir idade muito avançada, mantendo autonomia, independência e propósito. Os nove poderes são: 1. Movimentar-se naturalmente – atividade física feita mesmo sem perceber; 2. Ter propósito: saber a razão para levantar da cama todos os dias de manhã; 3. Desaceleração: encontrar um ritmo que evite o estresse; 4. Comer menos: parar quando o estômago estiver 80% cheio; 5. Vegetais: a base da alimentação, o mais natural possível; 6. Vinho: beber álcool com regularidade e moderação; 7. Fé: basta ter; 8. Família: prioridade; e 9. Pertencimento: encontrar sua própria tribo – ou “os queridos primeiro”, como ele descreve.

O livro então parte para a descrição de cada um dos nove itens e os exemplos bem-sucedidos de implantação de zonas azuis nos Estados Unidos em locais e comunidades improváveis, mas não menos necessitadas. A obra ressalta a importância de ter e manter amigos -- são os moais, como são chamados em Okinawa os grupos de amigos de longa data. Formar tribos para promover a mudança, reunindo pessoas com esse propósito, é outra medida essencial para o sucesso do projeto.

As propostas são simples, mas não quer dizer que são fáceis, quando se trata do ser humano mudar hábitos. A base, certamente, está na alimentação e na atividade física. Buettner propõe que se inicie uma blue zone na própria cozinha, com medidas que incentivem tanto a movimentação na área quanto o afastamento dos alimentos ruins, os industrializados. Nesse momento o livro se divide e adentra a cozinha em um capítulo contendo 77 receitas “fáceis e deliciosas”, como informa o título. Variadas, multiculturais e bem detalhadas no preparo, chamam a atenção pela abundância de itens, como vegetais, cogumelos, peixes, inúmeros temperos que fazem salivar antevendo o prato. Buettner elege um cozido ikariano como um de seus preferidos, destacando o azeite de oliva na receita, entre feijões, couve e funcho, que ele diz dar um toque adocicado. Ovos também estão presentes, sardinha, porco e frango, em pequenas quantidades, para compor com as receitas.

Levantamento feito no ano de 2021 apontou a existência de mais de 550 mil pessoas no mundo acima dos 100 anos – aquelas consideradas as mais velhas estão com 120 anos! Algumas dessas são brasileiras. Duas cidades no Brasil vem sendo estudadas por conta das características que as aproximam das regiões descritas no livro: Veranópolis, no Rio Grande do Sul, e Maués, na Amazônia. Os descendentes de italianos que vivem na região da Serra Gaúcha possuem costumes alimentares semelhantes com os de outras Zonas Azuis no mundo. Na região Amazônica, supõe-se que Maués seja passível de se tornar “azul” em função das peculiaridades da alimentação de seu povo e a necessidade de constante movimento – seja andando, remando, nadando.

Por conta da vasta extensão litorânea de nosso país, acredito que as cidades praianas tenham possibilidade de se tornar zonas azuis e eu elegeria Paraty, com sua abundante natureza, diversidade de alimentos e o lifestyle despojado como candidata favorita.

Em Paraty

Também aposto na Ilhabela no litoral paulista, com suas inúmeras praias e uma comunidade focada na alimentação saudável.

Por enquanto sou mais uma interessada nas blue zones do mundo e se puder iniciar a mudança na minha cozinha, coincidentemente decorada com detalhes azuis, considero um ótimo passo a caminho da vida longeva e feliz que busco ter todo dia.


De 25/08 ao 25/09 o Carlota apresentará um cardápio todo inspirado nas Zonas Azuis do Planeta em parceria com a Pura Vida.


Blue Zones: a solução para comer e viver como os povos mais saudáveis do planeta,

Editora nVersos (2018).

Dan Buettner @danbuettner

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