CORAÇÃO DE MÃE

1. Coração de mãe

Sabe aqueles coraçõezinhos no espeto da churrascaria, embebidos em salmoura e assados, devorados sem dó pelo público que lota o salão no domingo? 
Eu sou a galinha, sou cada uma que teve seu coração lanceado. 
Toda vez que um filho apronta, meu coração é flechado, assolado pela dor. 
E lá se vai um coraçãozinho...

Doenças, sumiços, gastança, gastura fazem o coração de uma mãe estrebuchar e arder na brasa. Medo é meu sobrenome – e de todas nós. Temos medo dos rebentos: que quebrem os dentes, que sintam frio, que peguem uma pereba, que peguem qualquer coisa, que escolham errado, que não escolham nada. 
O coração da galinha-mãe, de um jeito ou de outro, vai parar no espeto.

Maio é das mães. Escolhemos essa vida, andando sobre brasas, e sofremos – de dor e de felicidade, o que, para os corações de galinha, é tudo a mesma coisa
Quando Felipe chega vivo e campeão no tae-kwon-do, meu coração dá pulos: de alívio e de orgulho. Quando a Julia passa noites em estúdios, em baladas, em casa pintando guitarras, gravando demos, ensaiando com os meninos, sou a galinha insone e assustada. E aí ela lança sua gig ao vivo e online e a vejo radiante com a realização e o sucesso. Suspiro igual, com emoção e alegria. 
O link da Julia e os Sabiás https://youtu.be/E3a9cc_Dptg

Quando a Floriana conquista o Mestrado no Sul da Bahia, sonho de uma vida como ativista e articuladora de redes colaborativas e de empreendedorismo de impacto por anos, entre povos do mato e no mato dos povos, são dois sobressaltos: a felicidade e a dúvida – e se ela ficar doente, sumida na floresta? 
O link do Mestrado https://arapyau.org.br/mestrado-escas-inicia-com-31-novos-alunos-14-deles-do-sul-da-bahia/

Artista, andarilha, ativista, a Flor já fez churrasco com meu coração inúmeras vezes. Agora, como gestora de parcerias do Amazônia em Casa Floresta em Pé, rede que dá acesso ao mercado para produtos da Amazônia, fundou sua consultoria, a Biodiversa. Junto com o Carlota, criou o SinestesiXLab (tem tudo sobre essa ação na home), o que enche meu peito de orgulho e me faz esquecer os medos para ser feliz, enfim, nessa tal da maternidade. 
É maio, não é? 

Feliz Dia das Mães a todas! À minha amada Marlene, 62 anos de amor e companheirismo, um beijo daqui até o céu, com a saudade e a falta que me faz.

Maio, o que somos nós afinal?
(Maio, Paula Toller)

2. Passagem

Notícias do meu rehab cardíaco fresquinhas depois dos exames de abril: estamos bem. 
Stanno tutti bene é aquele filme em que Mastroianni percorre a Itália para visitar os cinco filhos em lugares diferentes do país. Fizemos, os médicos e eu, esse percurso interno para ver como andam as peças lá dentro. A cordoalha, que tem nome de lugar em frente ao mar, mas nada mais é do que uma região dentro do meu peito, está se recuperando dos rompimentos.
As bombas hidráulicas que permitem que os sustos de mãe não me derrubem de vez estão dando conta e, por fim, os índices do colesterol mostram que minha dedicação e disciplina, sim, servem para alguma coisa. Passei!

And I ride, and I ride 
(The Passenger, Iggy Pop)

3. Queijin

Ok, não sou perfeita. Sou dedicada, disciplinada, como falei – e não é pouco
Mas se tem queijin, entrego os pontos. Por ele, decreto feriado, folga na dieta
Conheço a família Bolderini e seus queijos autorais – as coisas que eles criam me fazem crer que posso relaxar e degustar suas obras sem culpa. O leite é do sítio, as vacas são parte da família; o casal, Talita e Felipe, é tão abnegado, profissional e conhecedor que sua história se tornou o episódio 1 do documentário O queijo e a Mantiqueira.
O link http://encurtador.com.br/cAD09 

Vale a pena assistir e entender mais sobre a produção de queijos na Serra da Mantiqueira, onde brota uma parte importante da nossa cultura alimentar.
É lá que fica o sítio onde são produzidos os queijos Bolderini que amealharam três medalhas no Mundial do Queijo em 2019, na cidade de Araxá (MG). Eles batizam os queijin com nomes locais, como o Malacaxeta (Medalha de Ouro), meia-cura suave e versátil que carrega o nome do bairro; o Borbinha (Medalha de Prata), cremoso que só, e o Minas (Medalha de Bronze), fresco, levíssimo! 

Uma visita ao sítio é boa pedida. Fica na Estrada Municipal Pinhão do Borba, 19.900, em Pindamonhangaba (SP). Para comprar os queijos, contatos podem ser feitos pelo WhatsApp: (12) 99776-0045 ou Instagram: @queijaria_bolderini.

Medalha de Ouro, o meia-cura Malacaxeta é suave

Cremosíssimo, o Borbinha (Medalha de Prata)

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