CORAÇÕES DE JUNHO

Com meu coração ganhando aplausos dos médicos e afagos dos queridos, sigo na recuperação que me levará para longe da mesa de cirurgia – a cena temida que iniciou essa conversa (leiam na primeira postagem). 

Altos caprichos e autocuidado estão funcionando: estou indo bem, cada vez mais. 
Autoamor também. 
Sim, nasce em mim um amor mais tolerante e carinhoso que permite amar a mim mesma pelas conquistas feitas, pela compreensão dos atos praticados, pelo perdão dos erros que me rondam – atenção plena no presente. 

E nos presentes que recebo. É junho, mais uma vez.
Meu amor de tantos junhos, a paixão que capotou meu coração há mais de 30 anos, o Pernambuco que ocupou meu território. Nando e eu.

Escolhi esse poema de Aphra Behn (1640-1689), que tece a beleza do livro da artista Andrea Zanatelli: Love is Enough, prefaciado por Florence Wells. 

Song
O Love! that stronger art than wine,
Pleasing delusion, witchery divine,
Wont to be priz’d above all Wealth,
Disease that has more joys than Health;
Though we blaspheme thee in our Pain,
And of thy tyranny complain,
We are all bettered by they Reign.

Medalha de Ouro, o meia-cura Malacaxeta é suave

LILITH, EVA, CORA E A SERPENTE DO AMOR 

O amor de Lilith não era servil e então Eva foi criada e jogada nos braços de Adão –
e Lilith, às trevas. Na história da Humanidade, Lilith ganhou interpretações que vão do divino ao diabrino, sejam elas religiosas ou pagãs. Lilith e Eva, no judaísmo ativista da teóloga e escritora americana Judith Plaskow, se uniriam para, quem sabe, construir um novo Éden, sob o ponto de vista da identidade feminina que ambas descobriram entre si, sendo as elas as únicas mulheres no planeta, pelo menos no paraíso. Mas tinha uma serpente que mudou a história.

Cora é a personagem de Claire Danes na série baseada no romance A Serpente de Essex, da autora inglesa Sara Perry, rolando na Apple TV. Uma viúva na era vitoriana que estuda paleontologia e busca desvendar o mistério de uma serpente marinha aterrorizando as águas e o povo de um vilarejo no interior da Inglaterra. Até agora a tal cobra não apareceu, mas Cora descobre um amor profundo e inescapável que serpenteia a trama e suas entranhas.

Mulheres atraídas pela serpente estão em busca do amor? Ou de liberdade? 
É isso o amor: uma tripa comprida e irrequieta que nos invade e nos torna diabólicas? 
Quero saber mais sobre as narrativas ancestrais que ligam o feminino à cobra, o pecado à uma figura de mulher; o desejo ao fim da paz, à destruição do paraíso. 
Por onde andava Adão nessas todas? 

COBERTOR E LINGERIE: OS SÍMBOLOS DO AMOR

Na canção que decreta o fim do baixo astral, da dupla Kleiton & Kledir, me chamou sempre a atenção a estrofe que diz: “cobertor de orelha, pro frio...” Quem nasce no Rio Grande do Sul, como eu, sabe a importância (e o valor) de um cobertor de orelha. O Pernambuco, carioca e surfista, talvez não imaginasse, quando nos topamos em São Paulo 30 anos atrás, que tal coisa poderia existir. Ou ser necessária, como tem sido nos dias frios que estamos vivendo agora. 

Sem cobertas ou disfarces, Rony Meisler despiu um senhor e uma senhora para a campanha de namorados da sua marca Reserva para vesti-los com a lingerie que ele lança e brinca com o inesperado, com o nome Reversa. O amor não tem reservas, ufa!
Amem-se com o que houver em todo o seu coração! 

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