Férias em SP e um único destino: Rosewood na Cidade Matarazzo
Um paraíso de arte, cultura, arquitetura e excelente gastronomia no coração da cidade, entre o pulsar da Avenida Paulista e a paz arvorada da Alameda Rio Claro. O Rosewood faz jus aos meus argumentos para ficar em SP nas férias e não correr por estradas e aeroportos lotados. Posso viver uma temporada imersa entre todas as atrações do lugar, quer ver?
Arte por tudo: o cardápio do Blaise
Os restaurantes são quatro, estreei com o jantar no Blaise. O nome traz para a cena o modernista franco-suíço Blaise Cendars, escritor e poeta que esteve no Brasil nos fervilhantes anos 1920 junto àquela famosa turma de artistas. Nas paredes, azulejos com a arte palpitante de Fernando de La Rocque, que sacoleja o apetite entre o desejo e a curiosidade. O Blaise é uma brasserie moldada na cozinha francesa clássica com a contemporaneidade que permite mesclar ingredientes brasileiros e resultar em sabores incríveis. Trabalho impecável do chef Fernando Bouzan. Um clima comfy: com o frango ao jus porcini, me senti numa cabana nas montanhas, provando um frango assado de família.
No Blaise, o frango orgânico assado, com porcini e ervas na caçarola
Ao mesmo tempo, a ousadia das vieiras grelhadas e do crudo de atum trouxeram um toque sofisticado e refrescante ao jantar. Nada da cabana na neve, mas o agito cultural e fancy do Mediterrâneo, como quem vai à praia carregando um livro e a canga chic em tons do mar. Os livros estão por toda parte no Rosewood, dos quartos — que também têm instrumentos musicais, cafeteiras e gadgets para fazer drinques — aos corredores e mesmo os restaurantes. Enquanto estive por lá, aproveitei para folhear as páginas de literatura do mundo e de livros lindos de arte brasileira.
Vieiras grelhadas e legumes tostados
O crudo de atum e, ao alcance da mão, literatura e arte
Depois, caminhando, fui ver corações, esse órgão que ultrapassa minha imaginação e fascínio. Francisca Botelho é a autora da bela e comovente exposição “Amor Protege e Cura”, onde expõe corações com suas cicatrizes, dores e delícias. Francisca é joalheira, ourives, uma artista intuitiva, como ela diz, e seu propósito de fé e arte enche as paredes restauradas do Rosewood com obras que contam histórias de amor. Sobre páginas de livros, sobre Camões e o seu Amor é fogo que arde sem se ver estão os corações folhados em ouro, vascularizados em pedras preciosas — nossos corações estão ali. Nosso Amor, Amando Amar, Cura são alguns dos títulos das peças. Foi na luxuosa companhia da amiga Francisca Botelho que compartilhei a refeição, risadas e afeto. As peças e os famosos escapulários da artista estão à venda na loja do hotel.
Cura é essa obra de Francisca Botelho
Ouro sobre as palavras no dicionário em exposição no Rosewood
A noite andou feliz com a programação e meu coração que não cansa de ter esperança encontrou aconchego e surpresas — quem não ama?
A felicidade ficou completa com a sobremesa da Saiko Izawa: uma sagração! A jabuticaba em três versos é a homenagem da chef-confeiteira à fruta que ela conheceu no Brasil, subindo na árvore para chupar. Eu, subindo aos céus com tanta delicadeza.
A jabuticaba em três versos de Saiko Isawa
Seguindo a rota dos restaurantes no Rosewood, o Taraz também dá show: uma trip pela America Latina com o inventivo chef Felipe Bronze conduzindo a viagem e as brasas de um fogo que ele domina de forma sublime. É um festival de carnes, pescados, legumes assados entremeado com crus de personalidade sudamericana para compartilhar. No cardápio, fica a dica do grafite gritante: Só a antropofagia nos une!
Para o Le Jardin, descontraído café-restaurante com mesas dentro e fora, onde está um jardim encantador, guardei a próxima visita. Atravessando o salão, encontrei as cortinas que conduzem ao bar e aí, (mais) uma viagem.
O teto lisérgico, espelhos e efeitos, drinques e coquetéis do mundo, a sofisticação de um ambiente que nos transporta a uma jam entre os anos 1920 e 30, pode parecer uma definição confusa para o Rabo di Galo, o bar do Rosewood, mas é o mix de sensações que deixa o queixo caído ao entrar no espaço. E a boca aberta: na carta, a impressionante coquetelaria! Não é à toa que o Rabo di Galo é descrito como a joia oculta da mixologia... é como encontrar o Graal. Para completar, música ao vivo, jovem, elegante e ultra chic.
A minha alegria de criança no parque foi ao máximo com o presente-surpresa do marido: um dia no Spa Guerlain, com os melhores aromas e massagens!
Enquanto desfilo dentro dessa cidade, uma dança fluida e elegante se desenrola invisível para que tudo aconteça — o treinamento do staff é impressionante. A recepção é precisa e friendly, em cada cantinho tem um arranjo de flores, uma estampa única, arte na parede, música no ar, uma delicadeza inesperada que convida os sentidos. Um arrebatamento de exposição de arte com aconchego de casa.
A promessa de recuperar o magnífico complexo de prédios históricos que compunham o Hospital Matarazzo foi cumprida com louvor pelo grupo francês Allard, quem assumiu o projeto Rosewood São Paulo. A frondosa Torre Mata Atlântica ergue-se com seus jardins verticais e juntamente com a Maternidade Matarazzo reúnem as luxuosas suítes de hospedagem seis estrelas. A centenária Capela Santa Luzia, restaurada, revive a história de muitas famílias paulistanas, originárias de imigrantes italianos, cujos descendentes nasceram e foram batizados no pequeno santuário. A Casa Bradesco, espaço de arte e espetáculos, ainda em expansão, já inaugurou sua primeira fase com Anish Kapoor (até 9 de março), mais um prédio da Cidade Matarazzo que compõe o complexo imponente. Ali está, também, a Livraria Paisagem, focada em títulos raros e premium, destaques na moda, fotografia, cinema e todas as artes.
Passeando nesse universo Rosewood, minhas férias não acabam nunca.